Trabalhando em um catálogo de literatura infantojuvenil, me deparei com um livro com que gostei muito de trabalhar. Na capa, ele tem um hot stamping que simula um espelho, o que foi a madeleine do meu dia.
Certa manhã, um original caiu em minhas mãos. Primeira versão de um livro que retratava apenas o pessimismo de uma pessoa que deveria ter sofrido algum trauma e o vomitado em palavras. Precisava dar minha opinião, mas resolvi ficar quieta para não fazer a cova de Schopenhauer tremer sob meus pés. Passados alguns meses, o editor resolveu perguntar o que eu tinha achado do livro: suei frio, falei e ouvi seu eco – o livro não tinha mesmo agradado. Foi pedida uma nova versão para a autora, com todo o cuidado e respeito que se deve ter em uma situação como essa [as ilustrações não tiveram uma segunda versão, pois eram ótimas].
Passadas algumas semanas, a nova versão já estava em minhas mãos. Fui surpreendida, pois a autora havia escrito outro livro, com toda a humildade de quem consegue ouvir a crítica sem se abalar. Gostei tanto desse livro, que minha empolgação acabou em um pedido do editor: “Helô, quero que você escreva uma introdução, tá?”.
***
Certa manhã, um original caiu em minhas mãos. Primeira versão de um livro que retratava apenas o pessimismo de uma pessoa que deveria ter sofrido algum trauma e o vomitado em palavras. Precisava dar minha opinião, mas resolvi ficar quieta para não fazer a cova de Schopenhauer tremer sob meus pés. Passados alguns meses, o editor resolveu perguntar o que eu tinha achado do livro: suei frio, falei e ouvi seu eco – o livro não tinha mesmo agradado. Foi pedida uma nova versão para a autora, com todo o cuidado e respeito que se deve ter em uma situação como essa [as ilustrações não tiveram uma segunda versão, pois eram ótimas].
Passadas algumas semanas, a nova versão já estava em minhas mãos. Fui surpreendida, pois a autora havia escrito outro livro, com toda a humildade de quem consegue ouvir a crítica sem se abalar. Gostei tanto desse livro, que minha empolgação acabou em um pedido do editor: “Helô, quero que você escreva uma introdução, tá?”.
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“Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta
[…]
Mas um dia afinal eu toparei comigo...”
Mário de Andrade, “Eu sou trezentos”, em Poesias completas.
A poesia trabalha palavras e formas. A prosa nos conta, com palavras e de forma livre, algum fato. A prosa poética põe lirismo nas palavras de quem descreve o cotidiano. As artes plásticas, ligadas às palavras, dão forma ao que sentimos.
As imagens, as cores e as palavras mostram os espelhos em que nos refletimos diariamente: o olhar-se na família, na casa, na cidade, no mundo; as escolhas e as respostas que definirão o que ser ou não ser; percepções de gostos, desgostos, do tempo passando; a descoberta dos segredos, do sentir amor, da identificação com o outro, do eu.
Autorretrato, de Renata Bueno, prosa poética em diário, registra momentos, sentimentos e questionamentos do eu, do você, do ele, de nós todos. Há, ao virar das páginas, tentativas de se responder à pergunta que consideramos a mais difícil, já que há sempre mais de uma resposta para ela: afinal, quem sou eu?
Autorretrato, de Renata Bueno, foi publicado pelo selo Larousse jovem, em 2009.
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Mas um dia afinal eu toparei comigo...”
Mário de Andrade, “Eu sou trezentos”, em Poesias completas.
A poesia trabalha palavras e formas. A prosa nos conta, com palavras e de forma livre, algum fato. A prosa poética põe lirismo nas palavras de quem descreve o cotidiano. As artes plásticas, ligadas às palavras, dão forma ao que sentimos.
As imagens, as cores e as palavras mostram os espelhos em que nos refletimos diariamente: o olhar-se na família, na casa, na cidade, no mundo; as escolhas e as respostas que definirão o que ser ou não ser; percepções de gostos, desgostos, do tempo passando; a descoberta dos segredos, do sentir amor, da identificação com o outro, do eu.
Autorretrato, de Renata Bueno, prosa poética em diário, registra momentos, sentimentos e questionamentos do eu, do você, do ele, de nós todos. Há, ao virar das páginas, tentativas de se responder à pergunta que consideramos a mais difícil, já que há sempre mais de uma resposta para ela: afinal, quem sou eu?
Autorretrato, de Renata Bueno, foi publicado pelo selo Larousse jovem, em 2009.
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