sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Pior do que está fica sim!

Por Silvio de Assis

Em 14 de setembro de 2010, foi publicada (em poucos veículos de comunicação) a informação de que o juiz da 1ª Vara da Família do Tatuapé, Alberto Amorim Micheli, tinha sido afastado do cargo pelo Tribunal de Justiça de São Paulo devido a possíveis ligações com o crime organizado. Em uma quebra de sigilo bancário, foi identificada a quantia de R$ 2,7 milhões em sua conta pessoal.

Além disso, Suzana Miller Volpini, a esposa do juiz, também foi investigada e foi identificada a ligação dela com os possíveis líderes da maior facção criminosa do estado de São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC). No texto da denúncia, o procurador afirma que Suzana cobrava para atender a pedidos de detentos. “A paciente, segundo a peça acusatória, teria sido cooptada pelo bando, de cujos interessados, individualmente, ou da própria organização criminosa, receberia honorários”. Durante a investigação, também foram descobertas possíveis ligações “extraprofissionais” entre a advogada e a facção, pois ela também fazia visitas íntimas, nos finais de semana, a um dos principais líderes do bando antes de se casar com Micheli. O Ministério Público afastou Amorim e denunciou Suzana por formação de quadrilha e falsidade ideológica.

Uma pessoa que decide histórias como, por exemplo, para quem conceder a guarda de uma criança, não pode continuar exercendo seu cargo estando possivelmente envolvida com tanta sujeira. Por isso, lendo a notícia, num primeiro momento, quando recebemos esse tipo de informação, ficamos um pouco mais tranquilos, pois é um indício de que a justiça conseguiu fazer o seu papel, principalmente quando é um representante da sociedade que está envolvido com o crime organizado.

Após uma conversa, em sala de aula, com minha professora de legislação, decidi escrever sobre esse caso, pois ela propôs uma discussão observando além do que vimos acima.

Alberto Amorim Micheli foi afastado do cargo e corre o risco de ser condenado à prisão. Porém, por ser um juiz de direito da vara da família, é protegido pela Lei de Magistratura. Essa lei garante que mesmo afastado, ou preso, receberá seu salário até seu último dia de vida. Então, mesmo atrás das grades, sua conta continuará “gordinha”. Essa mesma lei garante também que, caso tenha problemas de saúde, cumpra a pena em regime semiaberto, pois não temos no Brasil prisões estruturadas com clínicas médicas. E, na maioria dos casos, quando esse tipo de pessoa é presa, fica rapidamente doente, o que a impossibilita de continuar na cadeia. Dessa forma, concluímos que ele foi afastado e, se condenado, ficará em casa recebendo um “salariozinho” mais ou menos. Coitado.

Nossa, mas isso é um absurdo e não é justo! Porque um criminoso investigado por formação de quadrilha, que pratica seus crimes com a própria esposa, ainda continuará recebendo seu salário (que é pago pela sociedade)?

Não... não é um absurdo.

Sabe por quê?

Pensemos juntos...

Como é possível mudar essa regalia de um juiz que não tem medo da justiça do nosso país porque sabe que o pior que lhe pode acontecer é ser afastado do trabalho e continuar recebendo seu salário até morrer?

Fácil. Com projetos de leis que mudem a lei da magistratura.

Quem é que pode fazer isso?

Um deputado federal.

Ah, sim! Então em breve isso vai mudar, correto?

Utopicamente, podemos dizer que sim. Mas quem foi mesmo o deputado federal mais votado do país?

Sim... ele que está nesse momento (segunda-feira, 07/02/2011) exercendo sua verdadeira profissão com maestria na televisão, o “abestado” Tiririca.

“Abestado”? Não. “Abestado” é outra pessoa.

Um comentário:

Daniele Pessoas disse...

O "engraçado" - não fosse trágico, é que votando no Tiririca, as pessoas ao menos lembrarão, em quatro anos, em quem votaram. Mas, o que importa? A maioria nem ao menos sabe para que elegem seus candidatos...

Essa é uma questão sempre presente nas minhas discussões: o Brasileiro precisa ser educado para ter consciência política!